Wednesday, January 24, 2007

.: O segundo enigma :.

O dia 31 de março de 2004 provou que eu sou forte quando tomo uma decisão. Desde que eu decidi sair de vez da vida do Lourival – o grande amor da minha vida universitária – tremi na base três vezes. A primeira foi quando o encontrei, por essas coincidências malditas da vida, no saguão do prédio onde eu estudava Inglês. A segunda, dessa vez não por coincidência, mas por contigüidade da profissão, na Bienal do livro de São Paulo, onde ambos trabalhávamos. A terceira foi nesse dia 31, quando logo de manhã pulou um pop up no meu computador. Mas eu o bloqueei no messenger. Sabia que se aceitasse teclar com ele, abriria precedente praquele círculo vicioso de amor e ódio que foi o nosso relacionamento. E eu estava farta e havia decidido cortar qualquer tipo de relação.
Foi difícil trabalhar nesse dia logo após ter clicado naquela janela. Mas não foi nesse dia a última vez que ele me procurou, mas cinco meses depois, quando, após um dia em que passei pensando nele, ele me mandou o e-mail abaixo:

“sei q não tem nada a ver, principalmente após a experiência Bienal......
não...não quero nada não....
só tow aki pra dizer q sonhei com vc.....vc tava linda.....um vestido longo champagne, os cabelos presos, batom rosa e um salto que te deixava com 1,90 mais ou menos (psicologia: vc é superior em meus sonhos...rs)
passou.....olhou pra mim de cima pra baixo e............pronto.....contei
não lembro de nada do sonho....só dessa parte!.....tchau”


Foi o último e-mail. Não respondi.
Um ano e alguns meses depois, numa conversa trivial com uma grande amiga, fiquei sabendo que ele iria ser pai. Fiquei feliz por ele, sempre soube que no fundo ele queria a família dele, pra ele ser o pai mandão, ter uma mulher submissa, educar os filhos num modelo conservador. Sim, porque ele fumava maconha e pulava de pára-quedas, mas tem princípios extremamente conservadores. Vivia dizendo que iria aproveitar a vida e casar após os 35. Conversa. Arrumou uma família bem antes de mim, a virgem sonhadora da faculdade, e eu não tive inveja. Não senti raiva. Fiquei com vontade de procurá-lo, e dizer que ele estava certo no dia em que disse que um dia nós dois sentaríamos numa mesa de bar como amigos pra lembrar do passado. Mas essa vontade logo passou, porque no fundo nunca fomos amigos, apenas amantes. E não ficou nada dele que possa ser conservado, além da lembrança dele ter sido meu primeiro homem.
Quando a filha dele nasceu, uma outra grande amiga me mandou uma foto minúscula por e-mail. Ele parecia realizado. E eu fiquei aliviada, por ter conseguido ser firme na minha decisão de abandoná-lo. Não me arrependo de nada do que fiz por ele, porque eu fiz por mim. E soube a hora certa de cair fora. Ainda não voltou a vontade de procurá-lo e dizer que ele tem uma filha linda e que desejo que ele seja feliz. Pra ser sincera, tanto faz ele saber ou não o que sinto por ele. Ele não me importa mais. O que importa é a lembrança mágica que ele deixou em minha vida. Ele, que fez o sinal da cruz três vezes quando eu disse que uma taróloga viu uma menina que iria nascer ao se referir ao meu romance com ele. A menina nasceu realmente, e graças a Deus não é minha, não que eu não queira ser mãe, mas seria tolice ser mãe de um filho de alguém tão teimoso feito ele. E é engraçado como o tempo é sábio, basta ter paciência. Quando a taróloga me disse sobre a menina, eu me assustei, afinal, estava no segundo ano de faculdade, mas estava tão cega de paixão por ele que no fundo achei a idéia linda. Hoje, me acho uma estúpida por ter pensado dessa forma. A verdade é que o tempo resolveu este meu enigma. André, o primeiro André da minha vida, 26 anos, sagitariano como eu, pai de uma garotinha, meu primeiro homem. Espero que já saiba trocar fraldas tão bem quanto sabia deixar louca uma garota.

Comments:
como assim Bial? fiqueium pouco confusa, deve ser o horário a insônia...
mas eu sempre vi um paralelo entre a tua história e a minha, a minha eu só consegui resolver bem resolvido, me livrar da carga do passado, ano passado, quando encontrei a Pessoa que me fez de palhaça e coloquei tudo em pratos limpos. nem te contei né, uma história... afff
bem resulta a Pessoa resumiu no final de tudo em uma frase de uma música do skank: ela procurava um príncipe encantado, ele a próxima...
bem lindo assim.
 
Engraçado é ele dizer "Nos meus sonhos, você é superior...". Só nos sonhos, colega?
 
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