Wednesday, January 31, 2007

. : The adult´s life :.

– Mas... tem que ser na minha agência ou pode ser aqui?
– Pode ser aqui sim, é só ir até a boca do caixa.
E assim, na volta, pude contemplar meu carro, estacionado na porta do trabalho e pensar com alívio: paguei, é meu!
Não adiantava eu continuar juntando centavos na poupança pra dar entrada em um apê. Sozinha vai ser muito difícil. Não desisti da idéia, claro, mas tenho de pensar nalguma maneira mais rápida de juntar dinheiro. E quando eu der entrada no apê, terei de vender o carro mesmo. Queria ter alguém pra dividir isso. Vejo meus amigos casando e parece que em dois é mais fácil. Mas, quanto mais o tempo passa, mais tenho a certeza de que vou sair de casa pra morar sozinha. Mesmo que as cartas do tarô digam que não.

Monday, January 29, 2007

.: Qual dia você escolheria? :.

Ontem fizemos uma visita surpresa-rotineira de aniversário para um grande amigo. E como sempre, usufruímos do presente. Ver aquele filme me fez pensar em algumas coisas.
O Feitiço do tempo conta a história de um cara que vive o mesmo dia inúmeras vezes. Ele está preso naquele dia, e não entende por quê. Ele não escolheu aquilo, porque não era um dos melhores dia da vida dele. Há um momento no filme em que ele lembra de um belo dia, numa praia, com uma garota, e pergunta por quê não é esse dia que se repete.
Ao dirigir de volta pra casa fiquei pensando que, se tivesse a oportunidade de escolher um dia para ser repetido na minha vida, não saberia qual. Não há um dia especial que me faz querer voltar e vivê-lo novamente. Tem uma época da minha vida que me rende em sentimentos nostálgicos, mas não consigo lembrar de algum dia marcante.
Poderia ser qualquer uma daquelas tardes ensolaradas de outono da 6ª série. Uma daquelas tardes em que você se mata de rir com as piadinhas dos meninos e com os tiques dos professores que não parávamos de imitar. Uma daquelas tardes em que a gente passava a aula de Português trocando bilhetinhos com as amigas. “Eu odeio a Sabrina, menina insuportável!”. Aquelas tardes em que a gente não ligava se o tempo passasse devagar, mesmo com o teorema de Pitágoras na lousa, porque a gente gostava de estar ali. Não havia preocupações com o trabalho, chefes, prazos. A preocupação era o dia da prova e se o Leonardo iria ser o titular do time na copa Dan´Up.
Naquelas tardes, eu ainda não tinha enfrentado meu drama familiar, ainda vivia o tenro primeiro amor e não sabia o que seria quando crescesse. E nada me preocupava de verdade. Quer dizer, eu odiava chegar atrasada na escola, então me apressava em almoçar rápido e pegar o ônibus em tempo de chegar e papear com o primeiro grupinho que eu encontrasse no pátio. Essas tardes estão impregnadas em mim e em muita gente que viveu aquilo comigo. Era tudo tão simples. Tão feliz. Tão perfeito. Eu não tinha medo do mundo. Quisera poder voltar, ver a carinha de todos os meus amigos de novo, ver o Andrezão rodando o caderno como se fosse um prato giratório de circo até cair no chão e levar bronca da professora Fátima. Por quê eu não consigo fazer com que as coisas fiquem leves como eram naquela época?

Wednesday, January 24, 2007

.: O segundo enigma :.

O dia 31 de março de 2004 provou que eu sou forte quando tomo uma decisão. Desde que eu decidi sair de vez da vida do Lourival – o grande amor da minha vida universitária – tremi na base três vezes. A primeira foi quando o encontrei, por essas coincidências malditas da vida, no saguão do prédio onde eu estudava Inglês. A segunda, dessa vez não por coincidência, mas por contigüidade da profissão, na Bienal do livro de São Paulo, onde ambos trabalhávamos. A terceira foi nesse dia 31, quando logo de manhã pulou um pop up no meu computador. Mas eu o bloqueei no messenger. Sabia que se aceitasse teclar com ele, abriria precedente praquele círculo vicioso de amor e ódio que foi o nosso relacionamento. E eu estava farta e havia decidido cortar qualquer tipo de relação.
Foi difícil trabalhar nesse dia logo após ter clicado naquela janela. Mas não foi nesse dia a última vez que ele me procurou, mas cinco meses depois, quando, após um dia em que passei pensando nele, ele me mandou o e-mail abaixo:

“sei q não tem nada a ver, principalmente após a experiência Bienal......
não...não quero nada não....
só tow aki pra dizer q sonhei com vc.....vc tava linda.....um vestido longo champagne, os cabelos presos, batom rosa e um salto que te deixava com 1,90 mais ou menos (psicologia: vc é superior em meus sonhos...rs)
passou.....olhou pra mim de cima pra baixo e............pronto.....contei
não lembro de nada do sonho....só dessa parte!.....tchau”


Foi o último e-mail. Não respondi.
Um ano e alguns meses depois, numa conversa trivial com uma grande amiga, fiquei sabendo que ele iria ser pai. Fiquei feliz por ele, sempre soube que no fundo ele queria a família dele, pra ele ser o pai mandão, ter uma mulher submissa, educar os filhos num modelo conservador. Sim, porque ele fumava maconha e pulava de pára-quedas, mas tem princípios extremamente conservadores. Vivia dizendo que iria aproveitar a vida e casar após os 35. Conversa. Arrumou uma família bem antes de mim, a virgem sonhadora da faculdade, e eu não tive inveja. Não senti raiva. Fiquei com vontade de procurá-lo, e dizer que ele estava certo no dia em que disse que um dia nós dois sentaríamos numa mesa de bar como amigos pra lembrar do passado. Mas essa vontade logo passou, porque no fundo nunca fomos amigos, apenas amantes. E não ficou nada dele que possa ser conservado, além da lembrança dele ter sido meu primeiro homem.
Quando a filha dele nasceu, uma outra grande amiga me mandou uma foto minúscula por e-mail. Ele parecia realizado. E eu fiquei aliviada, por ter conseguido ser firme na minha decisão de abandoná-lo. Não me arrependo de nada do que fiz por ele, porque eu fiz por mim. E soube a hora certa de cair fora. Ainda não voltou a vontade de procurá-lo e dizer que ele tem uma filha linda e que desejo que ele seja feliz. Pra ser sincera, tanto faz ele saber ou não o que sinto por ele. Ele não me importa mais. O que importa é a lembrança mágica que ele deixou em minha vida. Ele, que fez o sinal da cruz três vezes quando eu disse que uma taróloga viu uma menina que iria nascer ao se referir ao meu romance com ele. A menina nasceu realmente, e graças a Deus não é minha, não que eu não queira ser mãe, mas seria tolice ser mãe de um filho de alguém tão teimoso feito ele. E é engraçado como o tempo é sábio, basta ter paciência. Quando a taróloga me disse sobre a menina, eu me assustei, afinal, estava no segundo ano de faculdade, mas estava tão cega de paixão por ele que no fundo achei a idéia linda. Hoje, me acho uma estúpida por ter pensado dessa forma. A verdade é que o tempo resolveu este meu enigma. André, o primeiro André da minha vida, 26 anos, sagitariano como eu, pai de uma garotinha, meu primeiro homem. Espero que já saiba trocar fraldas tão bem quanto sabia deixar louca uma garota.

Tuesday, January 23, 2007

.: Why did I kill Lorena? :.

Matei-a em dezembro de 2003. Ou talvez tenha morrido de morte natural (o que é mais provável).
O certo é que três anos se passaram. Eu pisquei e agora estou aqui, em outro tempo/espaço.
Desta vez não serei linear. Nem hipócrita, mas usarei enigmas. Qual a graça de uma vida sem enigmas? Entretanto, vou desvendá-los também. E o primeiro a ser despido é que Lorena era eu, as paixões dela eram as minhas, os medos, os meus. E eu matei Lorena (ou deixei-a sucumbir aos encantos da morte e do esquecimento) porque estava cansada de mim.
E estaria tudo tranqüilo no umbral de Lorena se uma tal característica impregnada em minha pele não me fizesse renascer, mesmo contra vontade.Cá estou.

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