Tuesday, July 31, 2007

.: ... :.

Quando seu coração de lava endurecido se parte você precisa de amigos, drogas e rock’and’roll. Isso mesmo, sem sexo, mesmo que os amigos sejam aqueles que prometem uma suruba há sete anos e que sabem que isso nunca vai acontecer.
Mas a manhã seguinte é tão vazia e fria que você não entende o que faz naquele sofá com tanto edredon tentando te aquecer.
Precisa olhar pro mundo, ir pra janela de um charmoso prédio sem elevador na Pompéia pra ter a certeza de alguma coisa que você ainda não sabe o que é.
O céu cinza não é animador, e você acha que fez errado deixar os edredons. Quase chora de arrependimento por isso, até que alguns segundos transformam aquele momento: ele era um de um azul escuro tão intenso que até brilhava, voou por alguns míseros segundos parado a minha frente, como se estivesse olhando nos meus olhos, repetindo as palavras do Fernando, que me arrancaram mais algumas lágrimas no dia anterior:
– ...foi então que ela viu uma folha caindo e percebeu que estava tão triste que chorou, mas chorou porque ela estava viva.
Talvez eu tenha o mesmo destino dessa personagem de um dos curtas de Paris, te amo. Triste, mas viva. O beija-flor foi embora, e logo veio a Fabiana pedindo pra eu sair da área de serviço porque ela tinha de estender algumas roupas.

Friday, July 27, 2007

.: Hoje :.

Hoje, no banho da manhã, senti o hálito dele em minha boca.
Mas o carrinho da montanha russa quebrou na descida.

Wednesday, July 25, 2007

.: Lágrimas e chuva:.

Seria a chuva uma extensão das lágrimas de alguém?
Nesta manhã, elas são a extensão das minhas.
Lágrimas e chuva, parodiando Leoni & Cia., tinham a bela trilha sonora de Rolling Sotones, com Wild horses, no último volume do rádio. E eu, rendi-me à composição. Era alguém no trânsito de uma quarta-feira, atrasada para o trabalho, chorando feito criança dentro de um carro com os vidros embaçados. “Mas ninguém me vê” – eu poderia cantar como Paula Toller.
Na verdade, não queria que ninguém me visse. Ou queria?

Tuesday, July 24, 2007

.: Numa noite de inverno :.

O frio me deprime. Me encolhe. Deixa meus músculos tensos, a pele seca, os lábios trincados. Pra piorar, sou uma daquelas pessoas que sente mais frio que o normal. Tenho mãos, pés e nariz gelados.
Havia me acostumado a contragosto com a depressão de inverno, desde que o frio começou a me abater na adolescência. Tentava olhar pras coisas boas do inverno: um chocolate quente, uma cama quentinha, um chá, um filme em casa debaixo das cobertas, vinho. Isso tudo me confortava, mas não era suficiente. Até que um dia, dormi com ele numa noite de inverno. E me senti tão quente e acolhida que não me importava com todo o frio do mundo numa noite só. Eu só precisava do abraço e das pernas entrelaçadas. Sentir a respiração, o cheiro dele. Meus dedos entre os cabelos dele, alisando os cachos. Precisava do calor do corpo dele. Do amor que ele sente por mim.
– Sempre achei que seria estabanada dormindo com alguém, pois eu me mexo muito. Mas é tão bom dormir com você...
– Não, você não se mexe muito.
– Não?
– Não...
E tudo que eu quis ontem à noite era dormir com ele de novo depois dessa conversa.



Thursday, July 19, 2007

.: Montanha-russa :.

Quando finalmente chega a sua vez, você se sente ansioso pelo que vai viver, afinal, você escolheu o melhor brinquedo do parque – por isso a fila tão grande.
No começo, você presta atenção aos barulhos do trilho. Aquilo parece meio frágil, mas logo você ganha velocidade e confiança. E começa a subir. E enquanto você sobe, observa o que vai ficando pra trás e pra baixo, e se sente bem por estar ali. No alto, frio na barriga: você já não está tão segura assim e a queda vai começar. Geralmente ela é rápida e te faz gritar um pouco. Às vezes uma curva dificulta as coisas no caminho. Mas você aprende que nas curvas, é preciso se segurar mais forte. De repente uma nova subida. E você se acalma, tem tempo para apreciar a vista. Só que já sabe a queda virá. E assim você nunca está estável. Você sente seu corpo d’uma maneira que nunca sentiu antes. O coração bate forte, o sangue pulsa mais rápido, calafrios, tontura, adrenalina tomam conta de você. O vento na cara te faz sentir viva. Você acha que quase pode voar quando está lá em cima. Às vezes você sai com dor-de-cabeça. Mas mesmo assim, entra na fila de novo. E de novo.

Wednesday, July 18, 2007

.: Um mês e meio :.

Faz um mês e meio que algo mudou em mim. Entre nós há troca. Quando ele me arrasta pro quintal apontando algo no chão e depois me mostra o céu estrelado. Quando faz chá pra curar minha crise de rinite. Quando me dá bronca se eu vacilo. Quando pede pra cuidar dele. Quando dividimos nossos problemas profissionais. Quando ele faz, na cama, o que nenhum outro fez. Quando emenda um “...e eu te amo” numa conversa cujo assunto era qualquer outro.
Passei alguns dias em crise profissional. E quando não estou bem, a chuva piora as coisas. Não tive tempo nem vontade pra escrever. Estou resolvendo a crise – assim espero – e dessa vez tive apoio dele. Gosto disso, de poder contar com ele de madrugada. Quero fazer o mesmo por ele.

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