Tuesday, April 29, 2008

"– Saudade é igual a amor, Nora. Não mata, ajuda a viver."

Fala de Tieta para Leonora em Tieta, de Jorge Amado.

Thursday, April 24, 2008

Quarta-feira, 16 de abril de 2008

Enigma da noite I
"Não se afobe não, que nada é pra já
o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio [...]
não se afobe não, que nada é pra já
amores serão sempre amáveis
futuros amantes quiçá se amarão sem saber
com o amor que um dia deixei pra você"

Enigma da noite II
"O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz"

Fui dormir com Chico pensando nele.

Wednesday, April 16, 2008

Enigma de quarta-feira

"O olho do relógio vigia meu coração
(acima do bem e do mal e dentro do medo)
Até as onze horas de hoje
Não amei ninguém.
Espero que até as cinco da tarde amanhã
eu ame alguém.
O olho do relógio vigia, vigia.
Mas nem o medo afasta o desamor. "

Francisco Alvim. Horas. In: Poesia marginal. São Paulo: Ática. P. 57. (Col. Para gostar de ler).

Terça-feira, 15 de abril

Não consegui evitar. Eu era mais durona.

Domingo, 13 de abril de 2008, 16h04

O dia esteve quente como eu gosto.
Terminei meu freella, certa de que ficou bem feito.
Fiz minha redação de inglês, desta vez numa tacada só.
Liguei pra algumas amigas com quem não falava há tempos. Liguei pra outras com quem falei ontem.
Fiz minha declaração de imposto de renda.
Fiz tudo isso e ainda tem domingo.
Ontem chorei por ele e chorava também por Flávio e Ricardo. Revivi os momentos em os dois me deixaram. O mesmo desespero, a sensação de desamparo, de ter de encarar minha vida toda pela frente sem a perspectiva de alguém ao meu lado.
Não posso culpá-lo. Ele nem imagina que uma garota passou a tarde de sábado chorando por ele. Ele não sabe que ela já imaginou seu toque e a textura de sua boca. Ele nem sonha, mas já dormiu e acordou com ela. E ela sabe que não vale a pena dizer isso a ele.
Algumas borboletas morreram ontem à noite. Grande parte morreu hoje, neste domingo quente de outono. As que resistirem, darei um jeito de matá-las amanhã de manhã.

Segunda, 14 de abril

Missão cumprida. Restante das borboletas mortas.
Porque ainda sinto uma cosquinha?

Sunday, April 13, 2008

a história do coração que não existia mais

Meu coração fora dividido em quatro após a punhalada de 1 na escola. Depois disso, 2 pegou um pedaço (pequeno) do meu coração, não soube o que fazer com ele e largou-o em um ponto de ônibus da Av. João Dias.
3 usou dos poderes que tinha para transformar os três pedaços restantes em pedra. 4, após ganhar um pedaço desse novo coração, achou-o duro demais e largou-o em algum metrô de Londres.
5 ressurgiu e reclamou a parte que lhe cabia. Eu relutei (bem) pouco em dar, aquilo já estava duro mesmo. Quando ele se apossou de parte considerável de meu coração, esmigalhou-a e foi largando os estilhaços no caminho até São Bernardo.
O último quarto do meu coração resistiu duro e frio até 6 sair literalmente dos meus sonhos. Ele tomou-o para si, amoleceu-o, amou-o e pisou nele. Jogou o que restava do meu coração em alguma estrada de terra de Minas Gerais.
Depois disso, meu coração passou a não existir mais e eu fui feliz para sempre*.

*Nota da editora: o “sempre” nessa história tem duração limitada aos últimos dias do verão de 2008.



o ataque das borboletas

Era uma manhã de final de verão quando senti a invasão. Assim que ele entrou, eu paralisei. Segui seus passos por alguns segundos, enquanto as primeiras borboletas se instalavam (elas usam desse artifício, te paralisam). Ao dar por mim elas já estavam lá, as mesmas malditinhas coloridas que invadiram meu estômago há quase um ano. Tentei então não olhar pra ele, pra não assanhá-las. Não consegui. Procurei defeitos nele, pra desestimulá-las. A princípio, nada. Fiz um acordo com elas: que ficassem, e se eu não me apaixonasse em 15 dias, que fossem embora. Pensei, tolinhas, eu não tenho mais coração, como vou me apaixonar?
Entrei nessa briga tão certa da vitória que passei até a provocar as borboletas ao procurar os olhos dele. Ao achar, as borboletas se alvoroçaram. Pensei, tolinhas, eu não tenho mais coração. Me diverti com isso e procurei ouvir sua voz. Ao conseguir, as borboletas quase me saíram pela boca. Pensei, tolinhas. Ao ganhar o primeiro sorriso dele, foi borboleta pra tudo quanto é lado. Pensei, me fodi!

a incrível história do coração que não existia mais e se apaixonou

Quando ele sorriu pra mim naquela manhã, amolecendo minhas pernas e me forçando a disfarçar um sorriso de felicidade que se esboçava no meu rosto sempre tão sério, percebi que havia caído na armadilha que montara pras borboletas. O prazo que eu havia dado a elas nem havia acabado quando eu me toquei que ele se apossava dos meus pensamentos cada vez mais. Era um tal de segui-lo com os olhos, de ficar de olho no relógio, de procurar desculpas pra ter de falar com ele, de roubar fotografias pro poder olhar praquele sorriso exuberante antes de dormir que já fazia parte de minha rotina e eu nem percebera. As sarcásticas borboletas cantavam pra mim um "mantra" saído dos anos 80:
"quis evitas seus olhos, mas não pude reagir
fico à vontade então
acho que é bobagem a mania de fingir
negando a intenção
Quando um certo alguém cruzou o teu caminho e mudou a direção...
Chego a ficar sem jeito, mas não deixo de seguir
a tua aparição
quando um certo alguém desperta o sentimento é melhor não resistir e se entregar!"


Friday, April 11, 2008

Após o teste das três virtudes, que me consumiu energia suficiente pra justificar minha ausência virtual durante esses quatro (!!!) meses, I’m back, cheia de vida (ou de prana, com diria Lize) e com um questionamento a me consumir: pode um coração que não existe mais se apaixonar?

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