Friday, February 23, 2007

.: “Espero que no esperes que te espere después de mis 26
La paciencia se me há ido hasta los pies” :.


Hoje faz um ano.
Eu fazia hora extra na Editora e havia faltado energia elétrica. Eu e mais três escravas brancas fomos obrigadas a parar o ritmo frenético de fechamento de livros pra Bienal. Aproveitei pra ligar pra uma das minhas irmãs espirituais, era aniversário dela.
– Então Lu, sabe aquele seu sonho...?
– Quantos meses, Nanci?
– Dois.
– Pode dizer a eles que é um menino.
Desliguei o telefone e tateei as mesas a fim de achar o caminho para o banheiro. O banheiro da empresa é para mim como o fundo de um poço. Quantas vezes não sentei no chão frio chorando as lágrimas de uma decepção? Só que daquela vez seria a última.
Não sei quantos minutos fiquei ali, soluçando, esmurrando a parede, perguntando por quê aquilo tinha de acontecer comigo. Eu ainda tinha esperanças de que ele voltasse pra mim. Achava que o dia em que ele me deixou seria apenas o início de uma breve separação, que provaria que a mulher da vida dele era eu. Mas eu nasci sem sorte pro amor. Aliás, nunca soube de verdade o que é o amor de um homem. Nunca fui ou deixei ser amada. Sempre quis os errados, repulsei quem poderia ter me feito feliz. E o Flávio foi o único que amei até hoje; também o único que me magoou de verdade. “Por quê?”, eu soluçava, como se conversasse com Deus querendo uma justificativa para meu sofrimento para quem sabe, eu me conformar.
Alguém entrou no banheiro, avisando que o jantar havia chegado. Eu soube que era hora de parar de soluçar, até o choro naturalmente se exaurir, deixando em seu lugar dois olhos inchados e o semblante mais triste do mundo. Com uma criança em jogo, não se podia mais ter esperanças, não mais nesta vida.
Prometi a mim que seriam as últimas lágrimas por ele, e deixei-as caírem todas. Hoje faz um ano e continuo firme em minha promessa.
Aceitei ajuda pra me levantar e desde que saí daquele banheiro (ou fundo do poço) até hoje não deixei mais ninguém se aproximar de verdade. Tenho me restringido a alguns beijos em desconhecidos, em baladas nas quais sei que não irei voltar ou não irei encontrá-los. Não faço mais questão de saber o nome. Por pavor, o mesmo pavor que tenho de encontrá-lo em sua posição de pai de família feliz, por isso nunca mais quis ter notícias ou procurei-o pela internet. Mas hoje, ao deixar um recado de aniversário pro seu primo, meu amigo, deparei-me com uma foto do Flávio e sua linda esposa em seu colo. A imagem do casal feliz só me fez lembrar uma coisa: eles estão vivos, eu também.

“No se puede vivir com tanto veveno
La esperanza que me dio tu amor
No me la dio más nadie
Te juro, no miento”


Shakira Mebarak

Comments:
Um dia algume me fez chorar com muita raiva.

Prometi que nunca mais ninguem mereceria as minhas lagrimas. Amei, desamei. Mas nunca mais chorei.

Sinto falta das lagrimas.

Não perca isso, nunca.
Você que as dá, merecendo ou não. Não é ninguem que as tira de você.
 
Mulheres e datas. Afff!
 
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