Tuesday, August 07, 2007

Achei estar enlouquecendo por segundos.
“Isto não está acontecendo. Não tudo junto, não novamente. Vou fechar os olhos, e quando abrir tudo vai voltar ao normal: ele me ama, sim, ele me disse. Mais que isso, ele provou. Eu acreditei, deixei a pedra de lado pra voltar a acreditar nas pessoas. Não pode estar acontecendo, não tão rápido. Não sem viver tudo o que tem de ser vivido. Não sem dançar pra ele. Não sem entregar o que estou escrevendo. Não sem imprimir uma foto nossa pra pôr no meu mural.”
Mas ao abrir os olhos, ah, a realidade...
Resgatei da bolsa o velho bloco de anotações que carrego, já era hora de terminar o que havia começado em outubro de 2006:

Era um apartamento em construção, sem luz. Eu andava procurando alguém. Ele estava, estranhamente, encostado à parede, nu. Eu o abracei e beijei, feliz, dizendo: “Por quê você demorou tanto?”
Não havia pudor na sua nudez. Eu continuava abraçando-o. Ele era um tipo de cara que eu nunca olharia na rua: cabelos negros, encaracolados, rosto quadrado, cara de homem. Mais alto que eu, mas nem tanto. Não se encaixava no meu estereótipo garoto-com-cara-de-neném-do-cabelo-liso-e-jogado, de preferência loiro. Esse cara que eu abraçava e beijava, nu, era um desconhecido nesta, mas prova

Não prossegui com a anotação. Não lembro por que, pois faz 10 meses que comecei a escrever, parei e esqueci. Esqueci desse sonho até conhecer o homem que eu abraçava e beijava. E ele me fez sentir o que senti no sonho: felicidade e segurança. Por dois meses e meio...

É hora de terminar o que comecei:

velmente, era meu conhecido de outras vidas. Não haveria tanto sentido eu estar tão feliz com alguém cujo rosto vi tão perfeitamente sem conhecer ainda. Senti o beijo dele. O abraço. O que há reservado para mim?

É o que pergunto agora.
Agora que eu terminei a anotação, que o sonho tornou realidade e ganhou vida própria, e em seu livre-arbítrio me apunhala a cada dia. Especialmente hoje, não há mais vida neste coração. O amor está aqui ainda, embalsamado pela raiva que ele me fez sentir ao me desrespeitar. As acusações, eu as relevaria todas, aos montes, já estava relevando. A indiferença, pra isso se dá um jeito. As provocações, eu não ligo. Mas o desrespeito, se eu relevar, desisto de mim.

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