Thursday, August 09, 2007

.: Retoque :.

– E aí, o namorado gostou da tatuagem?
– ...
Foi então que eu disse ao tatuador, já com cara de preocupado, que não, eu não havia me arrependido. Pelo contrário. Tinha orgulho dela, pois representava uma bela mudança em mim, e quando eu olhava pra ela lembrava só das coisas boas, da surpresa mútua que foi a tatuagem dele.
O tatuador, muito competente e gente fina, cobriu de preto os restos mortais da flor do Borcsik, o primeiro. Ela agora só existe em uma fotografia, cuja cópia entreguei pra ele dizendo que um dia alguém tatuou uma flor em sua homenagem.
Eu havia decidido cobrir a flor do Borcsik, o primeiro, antes de conhecer o Ricardo. Apesar de não ter me arrependido da primeira flor, havia decidido que quando encontrasse meu grande amor cobriria a primeira com uma flor maior. Dito isto, minha fada-madrinha sugeriu a flor de lótus. Tinha tudo a ver conosco, com o lance das nossas diferenças e semelhanças. Mas talvez eu tenha me enganado. Talvez ele não seja o meu grande amor, pois não é possível amor fazer a gente sofrer tanto assim. Independente disso, valeu a pena tatuar em meu corpo algo que o lembrasse. Afinal, ele também foi um "primeiro".
Desde ontem a raiva já havia passado. A velha preocupação voltou ao seu lugar, dividindo espaço com um sentimento novo por ele: a saudade.
Preciso aprender a lidar com tudo isso.

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