Sunday, April 13, 2008

a história do coração que não existia mais

Meu coração fora dividido em quatro após a punhalada de 1 na escola. Depois disso, 2 pegou um pedaço (pequeno) do meu coração, não soube o que fazer com ele e largou-o em um ponto de ônibus da Av. João Dias.
3 usou dos poderes que tinha para transformar os três pedaços restantes em pedra. 4, após ganhar um pedaço desse novo coração, achou-o duro demais e largou-o em algum metrô de Londres.
5 ressurgiu e reclamou a parte que lhe cabia. Eu relutei (bem) pouco em dar, aquilo já estava duro mesmo. Quando ele se apossou de parte considerável de meu coração, esmigalhou-a e foi largando os estilhaços no caminho até São Bernardo.
O último quarto do meu coração resistiu duro e frio até 6 sair literalmente dos meus sonhos. Ele tomou-o para si, amoleceu-o, amou-o e pisou nele. Jogou o que restava do meu coração em alguma estrada de terra de Minas Gerais.
Depois disso, meu coração passou a não existir mais e eu fui feliz para sempre*.

*Nota da editora: o “sempre” nessa história tem duração limitada aos últimos dias do verão de 2008.



o ataque das borboletas

Era uma manhã de final de verão quando senti a invasão. Assim que ele entrou, eu paralisei. Segui seus passos por alguns segundos, enquanto as primeiras borboletas se instalavam (elas usam desse artifício, te paralisam). Ao dar por mim elas já estavam lá, as mesmas malditinhas coloridas que invadiram meu estômago há quase um ano. Tentei então não olhar pra ele, pra não assanhá-las. Não consegui. Procurei defeitos nele, pra desestimulá-las. A princípio, nada. Fiz um acordo com elas: que ficassem, e se eu não me apaixonasse em 15 dias, que fossem embora. Pensei, tolinhas, eu não tenho mais coração, como vou me apaixonar?
Entrei nessa briga tão certa da vitória que passei até a provocar as borboletas ao procurar os olhos dele. Ao achar, as borboletas se alvoroçaram. Pensei, tolinhas, eu não tenho mais coração. Me diverti com isso e procurei ouvir sua voz. Ao conseguir, as borboletas quase me saíram pela boca. Pensei, tolinhas. Ao ganhar o primeiro sorriso dele, foi borboleta pra tudo quanto é lado. Pensei, me fodi!

a incrível história do coração que não existia mais e se apaixonou

Quando ele sorriu pra mim naquela manhã, amolecendo minhas pernas e me forçando a disfarçar um sorriso de felicidade que se esboçava no meu rosto sempre tão sério, percebi que havia caído na armadilha que montara pras borboletas. O prazo que eu havia dado a elas nem havia acabado quando eu me toquei que ele se apossava dos meus pensamentos cada vez mais. Era um tal de segui-lo com os olhos, de ficar de olho no relógio, de procurar desculpas pra ter de falar com ele, de roubar fotografias pro poder olhar praquele sorriso exuberante antes de dormir que já fazia parte de minha rotina e eu nem percebera. As sarcásticas borboletas cantavam pra mim um "mantra" saído dos anos 80:
"quis evitas seus olhos, mas não pude reagir
fico à vontade então
acho que é bobagem a mania de fingir
negando a intenção
Quando um certo alguém cruzou o teu caminho e mudou a direção...
Chego a ficar sem jeito, mas não deixo de seguir
a tua aparição
quando um certo alguém desperta o sentimento é melhor não resistir e se entregar!"


Comments:
Eita esses corações viu... eles não existem e insistem em se apaixonar... vai entender...
 
você não consegue fazer com que ninguém lhe ame, triste isso...
faça terapia
 
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